Ao chegarem se depararam com a área do antigo bairro absolutamente tomada por mato. Uma indignidade a céu aberto a serviço da especulação imobiliária e de um dos seus maiores financiadores chamado Naji Nahas que grilou aquele local e passou a ser "proprietário".
Logo surge o questionamento: qual era a pressa em expulsar 1.600 famílias num domingo de madrugada, de forma violenta e sem ter onde abrigá-las, se um ano depois o terreno está abandonado? Com a palavra o governo e o poder judiciário do Estado de São Paulo...
Já no Centro Poliesportivo, onde ocorreu o evento e que se localiza em frente ao Pinherinho (local para onde as pessoas foram levadas e violentadas novamente, naquele fatídico 22 de janeiro), os integrantes desse Coletivo se uniram a diversas famílias (expulsas de suas casas), ativistas, associações, parlamentares, partidos políticos e meios de comunicação incluindo integrantes do PIG.
Alguns detalhes chamaram a atenção: - Poucos, que se mostraram solidários nos primeiros momentos após a desocupação, foram vistos. Onde estarão, dentre outros, os Ativistas Digitais, a Defensoria Pública, o CONDEPE-SP...? - Havia um grupo de teatro, organizado pelo Coletivo Mães do Pinheirinho, formado por crianças que moravam naquele bairro que pretendia realizar uma apresentação mas infelizmente isso não foi possível. O grupo que aguardou por horas enquanto ocorriam os intermináveis discursos deixou o local por exaustão das crianças faltando clara sensibilidade por parte dos organizadores do ato.
No evento, prevaleceram uma publicação em formato de jornal e muitas bandeiras (ambos do PSTU) deixando a impressão de que o partido abraça a causa com "certa" exclusividade.
Por outro lado, os líderes e representantes legais dos moradores continuam na luta, além de alguns ativistas, algumas associações, alguns sindicatos e parlamentares como Adriano Diogo (Deputado Estadual do PT), Eduardo Suplicy (Senador do PT) e Ivan Valente (Deputado Federal do PSOL).
Algumas boas notícias foram recebidas. Uma delas foi saber que o ex-morador Deivid está bem de saúde. Ele foi baleado durante o massacre e estava presente no ato. Este Coletivo chegou a entrevistá-lo, ainda hospitalizado, e pôde revê-lo um ano depois. A outra notícia boa ficou por parte do atual prefeito Carlinhos de Almeida (PT) que tem a intenção de desapropriar a área do Pinheirinho para que as famílias retornem ao local.
Foi possível, também, verificar que o descaso com a situação daqueles cidadãos, ex-moradores do bairro, continua por parte do poder público, nenhuma família até o momento tem casa e muitas estão morando em locais improvisados e sem a previsão de ter a sua dignidade resgatada. Elas recebem auxílio-aluguel de R$ 500 mensais, mas o valor dos imóveis dobrou de preço nos bairros próximos ao Pinheirinho e, sem opção, muitos partiram para áreas de risco, vivendo em casas abandonadas ou barracos improvisados.
Um dos momentos mais importantes e emocionantes foi o minuto de silêncio realizado em memória ao morador morto na desocupação, Ivo Telles.
Precisamos continuar exigindo do poder público providências para que faça valer a Constituição Federal, resgatando a dignidade daqueles cidadãos, quanto para assegurar que os culpados dessa tragédia sejam exemplarmente punidos.
É preciso não esquecer, para evitar que novos Pinheirinhos aconteçam.
Imagens do ato:
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