Milicanalha era um arquivo vivo |
Único
torturador que falou detalhadamente dos crimes durante o período da
ditadura militar foi assassinado exatamente 30 dias após depor na
Comissão Nacional da Verdade e revelar ao país que matou, torturou
e ocultou cadáveres de presos políticos durante a repressão.
O
Coronel da reserva Paulo Malhães, importante agente do governo
militar durante a ditadura no Brasil que atuava no Centro de
Informações do Exército (CIE) foi assassinado na noite da última
quinta-feira (24/04) em sua residência na zona rural de Nova Iguaçu,
na Baixada Fluminense.
Em seu depoimento, no final de março, Malhães revelou que agentes do CIE mutilavam corpos de perseguidos pela ditadura militar assassinados na Casa da Morte, em Petrópolis. As arcadas dentárias e as pontas dos dedos eram arrancados para impedir a identificação, caso encontrados. Ele também detalhou sobre como ocorreu a operação do exército para o desaparecimento dos restos mortais do deputado federal Rubens Paiva (reveja o depoimento).
Ele
tinha 76 anos e possuía muitas informações sobre
torturadores e torturados na ditadura.
A
suspeita sobre a morte é a de que tenha ocorrido um latrocínio
(roubo seguido de morte) mas não há como deixar de notar uma grande
"coincidência" que indica a possibilidade de morte encomendada: queima
de arquivo.
"Coincidências"
como a deste caso já ocorreram envolvendo outros militares e
policiais que participaram durante a ditadura de torturas,
sequestros, mortes e ocultação de cadáveres. Vale lembrar como
exemplo, o caso do “acidente” ocorrido em uma lancha que vitimou
o delegado Fleury em maio de 1979. Fleury era chefe do esquadrão da
morte em São Paulo.
Entendemos que é necessário apurar com rigor e celeridade a possível relação entre o crime e as declarações feitas pelo militar à Comissão Nacional da Verdade.
Entendemos que é necessário apurar com rigor e celeridade a possível relação entre o crime e as declarações feitas pelo militar à Comissão Nacional da Verdade.
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