segunda-feira, 28 de abril de 2014

MORTE DE MILITAR PODE TER SIDO QUEIMA DE ARQUIVO


Milicanalha era um arquivo vivo
Único torturador que falou detalhadamente dos crimes durante o período da ditadura militar foi assassinado exatamente 30 dias após depor na Comissão Nacional da Verdade e revelar ao país que matou, torturou e ocultou cadáveres de presos políticos durante a repressão.

O Coronel da reserva Paulo Malhães, importante agente do governo militar durante a ditadura no Brasil que atuava no Centro de Informações do Exército (CIE) foi assassinado na noite da última quinta-feira (24/04) em sua residência na zona rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Em seu depoimento, no final de março, Malhães revelou que agentes do CIE mutilavam corpos de perseguidos pela ditadura militar assassinados na Casa da Morte, em Petrópolis. As arcadas dentárias e as pontas dos dedos eram arrancados para impedir a identificação, caso encontrados. Ele também detalhou sobre como ocorreu a operação do exército para o desaparecimento dos restos mortais do deputado federal Rubens Paiva (reveja o depoimento).

Ele tinha 76 anos e possuía muitas informações sobre torturadores e torturados na ditadura.

A suspeita sobre a morte é a de que tenha ocorrido um latrocínio (roubo seguido de morte) mas não há como deixar de notar uma grande "coincidência" que indica a possibilidade de morte encomendada: queima de arquivo.

"Coincidências" como a deste caso já ocorreram envolvendo outros militares e policiais que participaram durante a ditadura de torturas, sequestros, mortes e ocultação de cadáveres. Vale lembrar como exemplo, o caso do “acidente” ocorrido em uma lancha que vitimou o delegado Fleury em maio de 1979. Fleury era chefe do esquadrão da morte em São Paulo.

Entendemos que é necessário apurar com rigor e celeridade a possível relação entre o crime e as declarações feitas pelo militar à Comissão Nacional da Verdade.

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