Por Rodrigo Sérvulo da Cunha
Desde 2002 com a "carta ao povo brasileiro", documento publicado pelo Partido dos Trabalhadores como forma de retirar de parte da sociedade o medo e o preconceito com o candidato Lula à presidência, a luta por um projeto social alternativo de país, tema que ensejou junto a outros a criação do PT, vem a cada governo perdendo força.
Hoje, após vencerem quatro eleições consecutivas para presidente, os Trabalhadores que estão no poder institucional podem afirmar que conseguiram avanços importantes nesse período especialmente no tocante aos programas de inclusão social. Não obstante, deve-se ressaltar que não houve em nenhum momento por parte do governo um enfrentamento para mudar as causas que levam a população do país estar dividida por classes e ter um sistema que age sistematicamente impondo a exclusão. Junte-se a isso, o distanciamento de lideranças do PT com relação às bases fazendo com que ficasse paralisado o necessário entendimento da ampla relação de poder existente em todos os setores da sociedade. A politização foi esquecida. Tudo em função da governabilidade que supostamente conseguiria assegurar o movimento necessário do governo no sentido de ter maior liberdade para tratar das urgentes demandas dos brasileiros, especialmente os mais pobres. Ledo engano!
Diante desse cenário, o que se vê é a presidente e sua equipe com sérias dificuldades de articulação fazendo com que os aliados, que não são e nunca serão aliados efetivamente, dificultem esse processo também pelo perfil ideológico diverso e, por outro lado, as bases que ficaram esquecidas por opção do PT se veem incomodadas com essa situação e criticam o governo legitimamente.
Para piorar, os setores conservadores da sociedade cresceram nos últimos anos criando o sentimento de ódio e se apresentando para o confronto direto. Mais do que uma revolta da elite que sempre mandou neste país, se estabeleceu um processo fascista, especialmente, na República Tucana Paulista.
O que causa espanto é a inabilidade de Dilma, do seu governo e do PT diante desse diagnóstico. Todos continuam acreditando que seja possível a manutenção da atitude "paz e amor" se esquivando das tentativas de golpe que batem à porta.
Os conservadores através do aliado e criminoso poder midiático criaram simulacros negativos ao atual governo para defender os seus interesses como historicamente sempre fizeram e não há uma reação por parte de Dilma legitimamente eleita pela maioria do povo brasileiro.
Apenas reiterar que a manifestação dos cidadãos é legítima não trará solução. É preciso mais! É preciso deixar o protocolo de lado! É preciso se desencastelar! Caso contrário o fascismo irá cassar todos que deste governo participam!
É urgente uma postura sólida em favor da reforma política, de um novo modelo de entendimento cultural sobre democracia, relações de poder, partidos e representantes eleitos. É impossível seguirmos na arcaica e falida forma de entender o funcionamento do Estado Democrático de Direito sob premissas do sistema capitalista. O Partido dos Trabalhadores precisa retomar suas origens chamando a sociedade para essa luta e, se for necessário, se apresentar para o confronto com argumentos, programas e ações sólidas de transformação para o nosso país.
Apesar de infelizmente se distanciar de seus princípios, como fez o PT ao longo dos últimos doze anos, é inaceitável que se coloque em pauta uma tentativa de impeachment da presidente sem qualquer embasamento legal como está ocorrendo no país. Isso é golpe. É inconcebível ignorar a legalidade, a legitimidade e a vontade da maioria dos cidadãos e cidadãs em favor da minoria que, inclusive, é financiada pelos golpistas do Norte (prática utilizada por empresas, empresários e governo norte-americanos há séculos não apenas no Brasil mas mundo afora fazendo valer seus interesses a qualquer custo como registra a história da humanidade).
Até quando os cegos do castelo continuarão preocupados em nascer e morrer enquanto estão com suas cabeças na alça de mira dos conservadores, reacionários e golpistas?
"Este artigo reflete a opinião do autor e não do coletivo. O COADE não se responsabiliza e não pode ser responsabilizado pelas informações, conceitos ou opiniões do autor ou por eventuais prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso da informações contidas no artigo."
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