Morre general citado como torturador pela Comissão Nacional da Verdade
Do Brasil de Fato
Leônidas Pires Gonçalves foi citado no relatório da Comissão Nacional da Verdade como um dos 377 agentes do Estado que atuaram na repressão política e foram responsáveis, direta ou indiretamente, pela prática de tortura e assassinatos durante o regime militar.
O general Leônidas Pires Gonçalves, ministro do Exército durante o governo de José Sarney, morreu nessa quinta-feira (4), no Rio de Janeiro, aos 94 anos. O general foi citado no relatório da Comissão Nacional da Verdade, divulgado em dezembro de 2014, como um dos 377 agentes do Estado que atuaram na repressão política e foram responsáveis, direta ou indiretamente, pela prática de tortura e assassinatos durante o regime militar.
De 1974 a 1977, durante a Ditadura, Gonçalves foi chefe do Estado-Maior do 1º Exército, no Rio de Janeiro, e comandante Militar da Amazônia. Em 1983, assumiu o Comando do 3º Exército, em Porto Alegre.
Em 1985, foi convidado por Tancredo Neves para assumir o Ministério do Exército. Com a morte de Tancredo, o general integrou o governo do presidente José Sarney.
Confira abaixo artigo publicado em maio 2012 no Portal Vermelho,
que aborda os posicionamentos do general sobre os crimes da ditadura militar:
A ameaça de golpe militar do general Leônidas Pires
Gonçalves
O general Leônidas Pires Gonçalves no tempo em que tinha
poder…O general Leônidas Pires Gonçalves no tempo em que tinha poder… O
general, que tem 91 anos de idade, foi entrevistado pelo jornal O Estado de S.
Paulo hoje (18), e terminou a conversa com a repórter Tânia Monteiro com a
tradicional ameaça golpista dos militares de sua geração que tiveram papel de
destaque na ditadura militar.
Respondendo à hipótese de mudança na Lei de
Anistia, ele a defende com base na decisão do Supremo Tribunal Federal que, em
2010, chancelou a lei, e pôs as cartas na mesa: “Se quiserem fazer pressão no
Supremo, o poder moderador tem de entrar em atuação no país”.
É uma ameaça clara: “poder moderador” é o eufemismo usado
por estudiosos, chefes militares e políticos de gerações mais antigas, como a
do general, para referir-se às Forças Armadas e sua intervenção golpista contra
a normalidade democrática.
Isto é, contra a Comissão da Verdade e diante da perspectiva
de responsabilização de agentes civis e militares da repressão que cometeram
atrocidades durante a ditadura, o general tenta sacar o tacape.
Leônidas Pires Gonçalves foi o responsável pelo Doi-Codi no Rio de Janeiro entre abril de 1974 e janeiro de 1977. Nesta condição, foi o comandante da repressão contra a reunião do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil em 16 de dezembro de 1976, tragicamente conhecida como Chacina da Lapa, que assassinou a tiros os dirigentes Pedro Pomar e Ângelo Arroyo e sob tortura João Batista Drummond, além da prisão de outros militantes e dirigentes submetidos a bárbaras sessões de tortura.
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