Mostrando postagens com marcador Governo tucano. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Governo tucano. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

O DESCARAMENTO DO GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN

 
O podre tucanato
 Com o resultado do Laudo Pericial realizado pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) da Polícia Militar e pelo Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo, comprova-se o que todos já sabiam: a prisão dos manifestantes Fábio Hideki Harano e Rafael Marques Lusvargh foram ilegais e dignas de um Estado de Exceção e a manutenção delas perpetua esta ilegalidade colocando em cheque a ação não só da polícia, mas do Ministério Público que os denunciou como incursos no crime descrito no art. 253 do Código Penal, dentre outros e do Poder Judiciário que, ao negar-lhes a liberdade, tomou uma decisão sem qualquer comprometimento com a legalidade sendo pautada por interesses escusos do governo do Estado de São Paulo através da justiça estadual.
Está comprovado que os policiais que participaram da prisão de Hideki e Lusvargh mentiram ao atestar que ambos portavam explosivos. 
 Está comprovado, também, que o Ministério Público (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO), ao denunciar os acusados  priorizou as declarações dos policiais, ignorando os depoimentos dos ativistas, ignorando a existência de testemunhas que afirmavam não haver artefatos ou explosivos e até mesmo ignorando também a existência de filmagens fartamente divulgadas na internet que mostram o momento das prisões e a inexistência de objetos de posse dos ativistas.
Não bastasse isso, há relatos dos manifestantes, bem como de seus parentes, de que na prisão, sofreram maus tratos, sendo que um deles foi submetido a torturas que muito lembra os atos praticados nos porões da ditadura.
O governador, em entrevista à imprensa, não se fez de rogado e afirmou, que “Tanto o trabalho da polícia foi bem feito que a Justiça não soltou”. Lamentamos o descaramento de Geraldo Alckmin diante dessa absurda e vergonhosa declaração depois de um laudo que atesta a inocência dos encarcerados.
Mais uma vez se comprova o perfil retrógrado, conservador e autoritário do governo tucano em São Paulo que perdeu a referência inclusive de dignidade (leia-se vergonha na cara) ao não reconhecer os abusos praticados em mais esse episódio que agride fortemente os Direitos Humanos.
O desgoverno tucano não passará. Que venham as eleições!

terça-feira, 29 de julho de 2014

HUMAN RIGHTS WATCH COBRA AÇÕES DE ALCKMIN CONTRA TORTURA


A organização internacional de Direitos Humanos, Human Rights Watch, sediada nos Estados Unidos, encaminhou nesta segunda-feira (28/07) uma manifestação ao governador de São Paulo Geraldo Alckmin cobrando medidas de combate e prevenção a tortura realizada por agentes oficiais do Estado.

Outra manifestação foi encaminhada ao Congresso Nacional solicitando prioridade na aprovação do Projeto de Lei do Senado nº 554 de 2011 que obriga a condução de cidadãos presos em flagrante à presença de um juiz no prazo máximo de 24 horas. 

Confira a manifestação ao Governo de São Paulo na íntegra.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

DIA 19 DE ABRIL OS PROFESSORES ENTRAM EM GREVE!

Este Coletivo apoia a iniciativa dos professores da rede pública do Estado de São Paulo em realizar greve no próximo dia 19 de abril.

Nada além da dignidade assegurada na Constituição Federal!

Do Mídia Caricata
 
Depois de mais uma tentativa por parte dos profissionais da educação do estado de São Paulo em reivindicar junto ao governo melhores condições de trabalho no início de março e receber, novamente, um não como resposta restou a opção da realização da greve.

Diante de uma administração desumana e indigna que não possui qualquer comprometimento com a educação e consequentemente com os cidadãos paulistas não há como fingir que está tudo bem. 

Todo apoio aos professores e ao direito constitucional de greve!

Da APEOESP

Diante da intransigência do governo – que não atende as reivindicações da categoria – cerca de 5 mil professores presentes à assembleia estadual realizada na tarde de sexta-feira, 15, na Praça da Sé, em São Paulo, definiram que o magistério entrará em greve no dia 19 de abril e uma nova assembleia acontecerá na mesma data no vão livre do Masp (avenida Paulista) para decidir a continuidade do movimento, conforme deliberação da nossa V Conferência Estadual de Educação. Em seguida será realizada uma passeata até a Praça da República.

Conforme já informamos no APEOESP Urgente nº 13, a diretoria da APEOESP reuniu-se com o secretário da Educação no dia 12 de março. A entidade cobrou a constituição da comissão paritária para discussão do reajuste salarial, conforme determina a lei complementar 1143/11, reajuste salarial de 36,74% e a recomposição do reajuste previsto para 2012 (10,2%), do qual apenas uma parte foi efetivamente pago, uma vez que no índice concedido estava embutida a terceira parcela de incorporação da GAM, de 5%; além da implementação da jornada do piso; solução para a situação precária da chamada categoria “O”, no que diz respeito à forma de contratação, direitos e condições de trabalho; pelo fim da remoção ex-officio nas escolas de tempo integral e o pagamento da GPDI a todos os professores que optarem pela jornada integral. O governo não respondeu a nenhuma reivindicação.

Para completar, o Governo do Estado pretende privatizar o Hospital do Servidor Público Estadual. Nosso posicionamento contra a privatização é claro. Estão sendo enviadas para as regiões adesivos contra a privatização, bem como cartazes a serem afixados nas escolas e locais de grande visibilidade.

A luta por reajuste salarial, contra a precarização do trabalho, contra privatização do HSPE e outros setores do IAMSPE, por melhores condições de trabalho e outras reivindicações unificam os interesses de todo o funcionalismo estadual. Por isto, a APEOESP, por meio do Fórum do Funcionalismo da CUT/SP, está se articulando com outras entidades de servidores estaduais. Também já iniciou articulação com as demais entidades da educação para exigir do Governo que realize negociações. Conforme decisão da assembleia, a APEOESP proporá um ato unificado de todo o funcionalismo no dia 19 de abril. Os servidores da saúde já decidiram pela greve a partir de 1º de abril. Outras categorias poderão entrar em greve.

No período de 25 de março a 05 de abril realizaremos a III Caravana da Educação, que percorrerá diversas regiões do Estado. As subsedes serão contatadas a partir de segunda-feira para organizarem suas atividades. Uma carta aberta aos professores e à população será remetida às subsedes na próxima semana para ser amplamente distribuída. Também seguirá na próxima semana o cartaz que convoca a assembleia de 19 de abril.

Os professores paulistas entram em greve por:

- Reposição salarial de 36,74% e complementação do reajuste referente a 2012;
- Pelo cumprimento da lei do piso: no mínimo 33% da jornada de trabalho para atividades de formação e preparação de aulas;
- Dignidade na contratação, condições de trabalho e atendimento no IAMSPE para os professores da categoria O;
- Fim da remoção ex-officio e da designação de professores das Escolas de Tempo Integral;
- Regime de dedicação exclusiva para todos, por opção de cada professor(a);
- Melhores condições de trabalho e políticas de prevenção do adoecimento dos professores;
- Fim da lei das faltas médicas;
- Fim dos descontos de faltas e licenças médicas para efeito de aposentadoria especial;
- Fim das provinhas e avaliações excludentes;
- Por um plano de carreira que atenda às necessidades do magistério.
- Não à privatização do Hospital do Servidor Público Estadual e do IAMSPE.

A GREVE É NOSSA. A CULPA É SUA, SENHOR GOVERNADOR!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

ARQUIVADA REPRESENTAÇÃO CONTRA MAGISTRADOS QUE ASSINARAM MANIFESTO DO CASO PINHEIRINHO


Diante das atrocidades cometidas pela polícia militar e pela guarda civil metropolitana da cidade de São José dos Campos, quando da desocupação dos moradores do bairro Pinheirinho, cinco juízes subscreveram o manifesto de denúncia do caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Referido manifesto relatava as diversas violações cometidas e pedia a punição dos responsáveis, dentre eles, o  governo do Estado de São Paulo.

Três desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, inconformados com a manifestação dos magistrados, ingressaram com uma representação contra eles, alegando que houve violação ao artigo 36 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional - LOMAN, que dispõe:

" Art. 36 - É vedado ao magistrado:
(...)
III - manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério."

A corregedoria arquivou a representação disciplinar, os desembargadores ficaram inconformados e ingressaram com recurso ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Ao julgar recurso o órgão especial, por larga maioria (20x4),  determinou o arquivamento da representação por entender que não houve violação ao artigo 36 da LOMAN. Em seu voto (vencedor) o  desembargador Antonio Carlos Malheiros  afirma que a liberdade de expressão é um bem inalienável dos juízes:

 “A liberdade de expressão é atributo indissociável do estatuto da dignidade humana. Privar juízes de exercer esse direito é mutilá-los em sua própria humanidade e relegá-los a uma condição sub-humana.”

O recurso  dos três desembargadores tinha como principal fundamento o Relatório da "Comissão Especial para Acompanhamento da Desocupação do Local Denominado Pinheirinho", da OAB de SJC. É preciso lembrar que  na OAB de SJC havia uma comissão de Direitos humanos, que foi extinta logo após o massacre, pois o presidente daquela subseção entendia que não havia necessidade de sua existência. A verdade por traz da extinção da comissão é que a OAB estava insatisfeita com a autação dela na defesa dos moradores .

Não podíamos nos silenciar diante de tantos absurdos contidos no relatório e em  nota de repúdio  manifestamos nossa opinião. Estivemos  em SJC por diversas vezes e fomos testemunhas dos horrores a que foram submetidos aqueles seres humanos que perderam suas casas, suas histórias, suas vidas.

É muito bom saber que ainda tem, na magistratura brasileira, pessoas que se preocupam com a vida humana e com o seu povo. 


A íntegra do acórdão do TJSP pode ser baixada Aqui



terça-feira, 31 de julho de 2012

ORGANIZAÇÕES LANÇAM PETIÇÃO PELO FIM DA POLÍCIA MILITAR



 Após atingir mil assinaturas, a petição será encaminhada à Presidência da República, ao Congresso e ao STF

Do Brasil de Fato


A Rede Nacional de Familiares e Amigos de Vítimas da Violência do Estado lançou uma petição pública neste domingo (29) pela desmilitarização das polícias do Brasil. Após atingir mil assinaturas, a petição será encaminhada à Presidência da República, ao Congresso Nacional, ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).  Para assinar Clique aqui

O pedido é uma reivindicação histórica dos movimentos, e a campanha é um desdobramento da audiência pública realizada na quinta-feira (26), em que entidades de direitos humanos, movimentos sociais e membros do Ministério Público Federal exigiram o fim da Polícia Militar e apoiaram o pedido do Procurador Federal da República, Matheus Baraldi, de afastamento do comando da corporação do Estado de São Paulo.

Recentemente, o Conselho de Direitos Humanos da ONU também recomendou explicitamente que o Brasil trate de “combater a atividade dos ‘esquadrões da morte’ e que trabalhe para suprimir a Polícia Militar, acusada de numerosas execuções extrajudiciais”.

Carta à Presidenta

O movimento Mães de Maio junto com a Rede Nacional de Familiares e Amigos de Vítimas da Violência do Estado protocolou na quarta-feira (25), em Brasília, uma carta à presidenta Dilma Rousseff, cobrando 15 medidas que, há seis anos, não saem do papel, dentre elas o acompanhamento federal jurídico e político do crescimento da violência no Estado.

Também pedem um parecer sobre a federalização dos crimes de maio de 2006, abolição dos registros de casos de "resistência seguida de morte" nos inquéritos policiais, tidos como inconstitucionais, e a criação de uma Comissão da Verdade para crimes policiais praticados na democracia.

Em nota, o movimento diz que aguarda a confirmação da Presidência da República sobre a data para a Rede Nacional discutir uma política nacional para os familiares de vítimas do Estado Democrático.

Aumento de homicídios

Pela quarta vez consecutiva, os homicídios aumentaram em São Paulo, contradizendo o governador Geraldo Alckmin que disse em entrevista na terça-feira (23) que os indicadores da criminalidade “iriam cair”.

De acordo com as estatísticas divulgadas na quarta-feira (24) pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, o aumento foi de 22% em relação ao mesmo período de 2011. Com uma média de 14 mortes por dia, junho foi o período mais violento nos últimos 18 meses, com 134 mortes – aumento de 47% - contra 90 em junho do ano passado.

Segundo a Ouvidoria da Polícia Militar, só a Rota – Ronda Ostensiva Tobias Aguiar - matou 48 pessoas apenas no primeiro semestre na capital paulista. Em comparação com o mesmo período em 2010, os homicídios subiram mais de 100%.

Ao longo dos últimos 30 anos, mais de 1 milhão de pessoas foram assassinadas no país. No período “democrático” brasileiro houve um aumento de 127% no número de homicídios anuais, dos quais as vítimas, em sua maioria, são jovens pobres e negros, conforme demonstram as estatísticas do Mapa da Violência 2012.

domingo, 22 de abril de 2012

MASSACRE NO PINHEIRINHO COMPLETA 3 MESES



Hoje faz três meses que os moradores do bairro Pinheirinho em São José dos Campos foram expulsos de suas casas pela Tropa de Choque da Polícia Militar.

Nesta sexta-feira, dia 20, em frente ao terreno, os antigos moradores, vítimas do descaso e violência do Poder Público, fizeram um ato protesto lembrando a data e reivindicando providencias do Governo.

Desde o dia da desocupação forçada, milhares de pessoas e entidades veem denunciando as violações de direitos humanos, só na internet são mais de 170 mil citações mundo afora sobre o caso Pinheirinho.

Até hoje muitas famílias estão sem ter onde morar e as que conseguiram um imóvel para alugar convivem com o medo do corte do auxilio aluguel, este é o retrato do Estado violento e opressor que descumpre o preceito mais fundamental da Constituição Federal de 1988: A DIGNIDADE HUMANA.

É preciso lembrar que a luta dessa gente é a nossa luta, esta é a lição que tiramos de Bertolt Brecht no belo e forte fragmento de "No Caminho, com Maiakósvski":

(...)
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz:
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir. (...)

sábado, 28 de janeiro de 2012

NOTA DE REPÚDIO À INVASÃO NO PINHEIRINHO


No último domingo (22/01) a comunidade residente no Pinheirinho em São José dos Campos (SP) foi covardemente invadida pela Tropa de Choque, Polícia Civil e Militar do Estado de São Paulo para o cumprimento de uma ordem judicial de reintegração de posse. O bairro que existe há 8 anos onde residia seis mil famílias amanheceu tendo a sua dignidade violentada.

Os métodos utilizados são desumanos e, como se isso não bastasse, não houve nenhum preparo para alojar famílias inteiras (muitas crianças, idosos, mulheres gestantes...) retiradas do local que foram simplesmente despejadas na rua e em alojamentos com condições precárias passaram a dividir espaços improvisados tendo seus direitos mais básicos desrespeitados.

A PM e a Prefeitura de São José dos Campos se manifestaram informando que a operação de desocupação ocorreu tranquilamente e o atendimento às famílias foi e está sendo feito adequadamente.

Aliás, preocupada com sua imagem, depois de fazer tanta lambança e violar praticamente todos os direitos fundamentais dispostos na Constituição Federal, o Comando da Polícia Militar de São Paulo emitiu uma nota oficial informando que “agiu dentro da legalidade e com respeito incondicional aos direitos humanos e às pessoas.” Não caro leitor, Não é uma piada!

As redes sociais, blogs e sites alternativos, desde o dia 22, têm sido incansáveis ao publicarem imagens, notícias e testemunhos acerca do tratamento “adequado” dispensado à população do Pinheirinho. Até o PIG indignou-se com o que ocorreu lá, talvez não pelo sofrimento impingido à população, mas certamente porque foi impedido de entrar no local, ou seja, a situação é tão grave que até a velha monarquia midiática tupiniquim foi censurada.

Há relatos de pessoas afirmando que durante a desocupação policiais tratavam a população a chutes e pontapés, não poupando nem os idosos e crianças e quem tentasse registrar as cenas da barbárie tinham seus celulares e câmeras confiscados.

O site da Agência Nacional das Favelas divulgou o seguinte depoimento de uma moradora:
"Continuam a matar, espancar, agredir e humilhar mulheres, crianças, pessoas idosas aqui na ocupação Pinheirinho. Estamos aqui desde as 10 horas da manha e já vimos todo o tipo de absurdos. Pessoas nas ruas feridas, correndo, estão jogando bombas em nos de cima dos helicópteros, de onde eles também jogam gás de pimenta. Ha companheiros mortos, ainda não sabemos o numero exato mas temos já confirmadas pelo menos 3 mortes. O numero de feridos e impossível de confirmar. A toda hora disparam contra nos. O ar é irrespirável de tanto gás lacrimogêneo e gás de pimenta. As crianças não param de chorar.

Mas o povo está ferido mas ainda forte. Na luta estamos por todos os nossos direito e por uma sociedade onde não tenhamos que morrer para ter uma moradia."


O diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque disse em entrevista: “Esse despejo viola uma série de normas internacionais”, para ele, “A operação foi efetuada de modo totalmente inadequado: nas primeiras horas da manhã de domingo e sem nenhum aviso apropriado. A expulsão foi levada a cabo apesar de as autoridades estarem em meio a uma negociação que visava encontrar uma saída pacífica”.

Não há como não criticar a atuação do Poder Público em todas as suas esferas no tocante a solução de conflitos sociais. Não se pode tratar casos como esse como uma simples questão legal/judicial, antes disso, trata-se de uma questão social/jurídica que jamais poderia ter sido resolvida com aplicação de leis de direito privado em detrimento da dignidade da pessoa humana.
Mais uma vez ficou comprovado que o poder econômico através da especulação imobiliária prevaleceu diante do inalienável direito à moradia.

Os Advogados Progressistas repudiam a criminosa atuação do Estado Brasileiro neste episódio.

ENTENDA O CASO

Desde fevereiro de 2004 a área conhecida como Pinheirinho, na zona Sul de São José dos Campos, vem sendo ocupada por famílias que não tinham onde morar. A área de mais de 1 milhão de metros quadrados inicialmente foi ocupada por cerca de 150 famílias, na ocasião houve confronto entre as famílias e a guarda civil metropolitana, mas a ocupação prevaleceu e ao longo desses oito anos tornou-se um verdadeiro bairro com mais de 1.600 família (cerca de 7 mil pessoas).

Paralelamente, na Justiça Estadual (18ª Vara de Falência de São Paulo) tramitava o processo disputando a área, estando envolvida a Empresa Selecta Comércio e Indústria S/A, uma holding administrada, até a quebra em 2004, pelo megaespeculador Naji Nahas.

O Juiz responsável pelo processo concedeu, em 2006, uma liminar de reintegração de posse, antes de ser cumprida foi cassada pelo Tribunal de Justiça por vício de incompetência da Vara de Falência.

A massa falida da Selecta ingressou, então, com ação de Reintegração de Posse na Comarca de São José dos Campos (6ª Vara Cível) pedindo liminar que foi negada. Recorreu e o Tribunal de Justiça reformou a decisão concedendo liminar para reintegrar a posse à massa falida. Posteriormente o mesmo TJ/SP suspendeu a liminar, houve recurso para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) que constatando irregularidades no processo o anulou.

Em julho de 2011 a juíza Márcia Loureiro, da 6ª Vara Cível de São José dos Campos, com base na primeira liminar concedida, expediu nova ordem para desocupação em favor da massa falida, argumentando que o processo deve “tornar ao seu curso normal com o cumprimento da liminar deferida pelo juízo da causa à época”.

Diante dessa celeuma, o Ministério das Cidades reiterou, através de ofício, à 6ª Vara Cível seu interesse na solução do problema. Há que se ressaltar que desde 2005 a União vem manifestando interesse em tal resolução. Em nota, logo após o início da barbárie, a secretária nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães disse que: "Desde 2005, o Ministério das Cidades vem reiterando seu interesse em colaborar na solução pacífica do conflito, por meio de uma ação conjunta, ofertando ao município a priorização nas linhas de provisão habitacional / urbanização de assentamentos precários disponíveis no nível federal, para atendimento a famílias de baixa renda. Essa manifestação foi formalizada inclusive para a Vara Cível de São José e para o Tribunal de Justiça de São Paulo".

Em meio às negociações e acordos já iniciados entre os governos federal, estadual e municipal a juíza da 6ª Vara Cível ordenou a reintegração imediata, atropelando qualquer tentativa de resolver a questão de forma justa e humana. Assim, com a possibilidade da iminente desocupação e tendo em vista o interesse jurídico da União, a Associação Democrática por Moradia e Direitos Sociais ajuizou uma ação cautelar inominada com pedido de liminar na Justiça Federal.

A liminar foi deferida pela juíza federal de plantão, Roberta Monza Chiari, que reconheceu o interesse jurídico da União no caso e determinou a suspensão temporária da reintegração. Posteriormente o juiz substituto da 3ª Vara Federal de São Jose dos Campos, Carlos Alberto Antônio Júnior, cassou a liminar sob o argumento de que a matéria envolve a justiça estadual sendo questionável a competência da justiça federal já que a união não é parte legítima no processo e justifica a cassação da liminar: “É de se explicar que, uma vez acionado o plantão judicial, o juiz plantonista analisa o caso em regime de urgência e, logo que aberto o Fórum pela manhã, há regular distribuição do feito a uma das varas. No caso, este feito foi distribuído a este Juízo Federal”.

A Associação recorreu para o TRF da 3ª Região que restaurou a liminar da juíza e ordenou a suspensão da reintegração. Tínhamos então duas decisões antagônicas: a da Justiça Estadual ordenando a desocupação e a da Justiça Federal ordenando a suspensão da desocupação.

Instalado o conflito de competência, houve recurso para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Enquanto o recurso subia e era analisado pelo Presidente do Tribunal, o governador em conjunto com o prefeito de São José dos Campos ordenou que suas tropas (Polícia Militar e Guarda Civil Metropolitana) invadissem e expulsasse as mais de 1.600 famílias do local e derrubassem suas casas reintegrando as terras para a massa falida Selecta (que, diga-se de passagem, é devedora de milhões aos cofres públicos).


O presidente do STJ, Ari Pargendler  (aquele que faz lobby para cunhada virar ministra) cassou a liminar do TRF e validou a da justiça estadual pela desocupação. A Associação Democrática por Moradia e Direitos Sociais impetrou um Mandado de Segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a suspensão imediata da desocupação. O STF não analisou o mérito do MS, negando seguimento por considerá-lo  "inviável" pois a decisão do STJ "é passível de impugnação pela via processual adequada".

terça-feira, 8 de novembro de 2011

NOTA DE REPÚDIO

Na manhã de hoje a Universidade de São Paulo reviveu momentos do Estado de exceção pelo qual este país teve a infelicidade de conviver em um passado recente. A tropa de choque da polícia militar invadiu a reitoria ocupada por estudantes para cumprir uma decisão judicial de reintegração de posse. Ocorre que a ação não parou por aí, a força militar do nosso Estado repressor aprisionou outros estudantes que estavam no CRUSP (Conjunto Residencial dos Estudantes) não deixando que nenhum dos seus moradores saísse de lá para facilitar a sua ação e isolou o campus como se estivesse em plena guerra levando mais de 400 policiais, dois helicópteros, dezenas de viaturas, cavalaria e cães para ao final levar mais de 70 Estudantes presos.

Tudo começou quando policiais militares resolveram revistar universitários e apreender alguns que portavam três cigarros de maconha (vale lembrar que o porte de drogas proibidas para uso próprio não condena ninguém à prisão). Ou seja, ocorreu um ato absolutamente desnecessário que faz com que o aparato policial deixe de proteger a Universidade de criminosos que matam, sequestram, roubam, estupram e passem a criminalizar Estudantes.

Diante disso, surgiu a reação por parte dos agredidos através da ocupação do prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e, posteriormente, da reitoria. Reação legítima contra o Estado que não os respeita e apenas reproduz ações policialescas e de repressão desnecessárias. Além disso, é importante lembrar-se da atuação do reitor, Grandino Rodas, que nunca demonstrou interesse em manter qualquer diálogo com os alunos. Fato esperado pelo histórico desse senhor desde o período do governo militar.

O fato é que a USP necessita de segurança cívica e não militar. É inadmissível que o policiamento tenha por função estar no espaço de uma universidade pública para vigiar Estudantes e os que nela trabalham com o cínico argumento de que é para a "sua segurança". Trata-se apenas de mais uma garantia de que a liberdade dos universitários será vigiada evitando qualquer forma de organização legítima contra a truculência, o sucateamento e a precarização e mercantilização da educação.

Os Advogados Progressistas repudiam o fato ocorrido e como ele foi veiculado pela velha monarquia midiática tupiniquim. A grande mídia, mais uma vez, prestou um desserviço à sociedade mascarando os fatos e fazendo a mesma leitura propositalmente preconceituosa e odiosa de simples Estudantes.

Toda solidariedade a Universidade Pública violada e aos universitários!

Advogados Progressistas