sexta-feira, 30 de outubro de 2015
46 ANOS DO ASSASSINATO DE CARLOS MARIGHELLA
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sexta-feira, 23 de outubro de 2015
40 ANOS DA MORTE DE VLADO
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sábado, 17 de outubro de 2015
A IMPUNIDADE CONSAGRADA
Na última quinta-feira (15), morreu o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, aos 83 anos.
Ele comandou de 1970 a
1974 o DOI (Destacamento de Operações de Informações) do II Exército, em São
Paulo que foi o principal local onde se praticou atos de tortura, desaparecimento e morte de cidadãos que resistiram à ditadura que durou vinte e um anos (1964 a 1985) neste país.
O seu nome está no relatório final da Comissão Nacional da Verdade
que apontou 377 pessoas como responsáveis diretas
ou indiretas pela prática de tortura e assassinatos. Não havia local onde se cometia mais crimes de lesa-humanidade quanto os agentes do Estado do DOI comandado por Ustra.
Todas as formas possíveis de violência contra presos políticos foram praticadas incluindo estupros e sequestros de crianças cujos pais estavam presos ou mortos acusados de serem terroristas e/ou subversivos. O DOI era conhecido como um campo de concentração devido às práticas nazistas. Não haviam câmaras de gás mas as execuções eram absolutamente violentas a ponto de fragmentos do corpo, como pedaços do cérebro, ficarem grudados às paredes.
Existem inúmeras provas e depoimentos de que Ustra ordenava as sessões de tortura e participava delas.
O coronel escapou de ser punido pela justiça comprovando mais uma vez a falta de compromisso do Estado Brasileiro com a sua história bem como com a de defesa dos Direitos Humanos.
A sua morte é um fato lamentável para os cidadãos conscientes da importância da democracia e da defesa da dignidade da pessoa humana.
Assim como ele, inúmeros outros também morreram ou ainda estão vivos e impunes. Casos como o do carrasco Ustra estimulam o retorno daquele período sombrio de maneira nefasta e irresponsável.
O processo civilizatório brasileiro não pode seguir permitindo a falta de punição a qualquer torturador que age em nome do Estado caso contrário estaremos fadados a nos reconhecermos como uma sociedade desumana, submissa e covarde além de um país omisso condenado a ignorar o respeito ao seu povo.
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MANIFESTO CONTRA O IMPEACHMENT
A sociedade brasileira precisa reinventar a esperança
A proposta de impeachment implica sérios riscos à
constitucionalidade democrática consolidada nos últimos 30 anos no
Brasil. Representaria uma violação do princípio do Estado de Direito e
da democracia representativa, declarado logo no art.1o. da Constituição
Federal.
Na verdade, procura-se um pretexto para interromper o mandato da
Presidente da República, sem qualquer base jurídica para tanto. O
instrumento do impeachment não pode ser usado para se estabelecer um
“pseudoparlamentarismo”. Goste-se ou não, o regime vigente, aprovado
pela maioria do povo brasileiro, é o presidencialista. São as regras do
presidencialismo que precisam vigorar por completo.
Impeachment foi feito para punir governantes que efetivamente
cometeram crimes. A presidente Dilma Rousseff não cometeu qualquer
crime. Impeachment é instrumento grave para proteger a democracia, não
pode ser usado para ameaçá-la.
A democracia tem funcionado de maneira plena: prevalece a total
liberdade de expressão e de reunião, sem nenhuma censura, todas as
instituições de controle do governo e do Estado atuam sem qualquer
ingerência do Executivo.
É isso que está em jogo na aventura do impeachment. Caso
vitoriosa, abriria um período de vale tudo, em que já não estaria
assegurado o fundamento do jogo democrático: respeito às regras de
alternância no poder por meio de eleições livres e diretas.
Seria extraordinário retrocesso dentro do processo de
consolidação da democracia representativa, que é certamente a principal
conquista política que a sociedade brasileira construiu nos últimos
trinta anos.
Os parlamentares brasileiros devem abandonar essa pretensão de
remover presidente eleita sem que exista nenhuma prova direta, frontal
de crime. O que vemos hoje é uma busca sôfrega de um fato ou de uma
interpretação jurídica para justificar o impeachment. Esta busca
incessante significa que não há nada claro. Como não se encontram fatos,
busca-se agora interpretações jurídicas bizarras, nunca antes feitas
neste país. Ora, não se faz impeachment com interpretações jurídicas
inusitadas.
Nas últimas décadas, o Brasil atingiu um alto grau de
visibilidade e respeito de outras nações assegurado por todas as
administrações civis desde 1985. Graças a políticas de Estado realizadas
com soberania e capacidade diplomática, na resolução pacifica dos
conflitos, com participação intensa na comunidade internacional, na
integração latino-americana, e na solidariedade efetiva com as
populações que sofrem com guerras ou fome.
O processo de impeachment sem embasamento legal rigoroso de um
governo eleito democraticamente causaria um dano irreparável à nossa
reputação internacional e contribuiria para reforçar as forças mais
conservadoras do campo internacional.
Não se trata de barrar um processo de impeachment, mas de
aprofundar a consolidação democrática. Essa somente virá com a
radicalização da democracia, a diminuição da violência, a derrota do
racismo e dos preconceitos, na construção de uma sociedade onde todos
tenham direito de se beneficiar com as riquezas produzidas no pais. A
sociedade brasileira precisa reinventar a esperança.
Assinam, entre outros: Antonio Candido; Alfredo Bosi; Evaristo de
Moraes Filho e Marco Luchesi, membros da Academia Brasileira de Letras;
Andre Singer; o físico Rogério Cézar de Cerqueira Leite; Ecléa Bosi;
Maria Herminia Tavares de Almeida; Silvia Caiuby; Emilia Viotti da
Costa; Fabio Konder Comparato; Guilherme de Almeida, presidente
Associação Nacional de Pós-Graduação em Direitos Humanos, ANDHEP; Maria
Arminda do Nascimento Arruda; Gabriel Cohn; Amelia Cohn; Dalmo Dallari;
Sueli Dallari; Fernando Morais; Marcio Pochman; Emir Sader; Walnice
Galvão; José Luiz del Roio, membro do Fórum XXI e ex-senador da Itália;
Luiz Felipe de Alencastro; Margarida Genevois e Marco Antônio Rodrigues
Barbosa, ex-presidentes da Comissão Justiça e Paz de São Paulo; os
cientistas políticos Cláudio Couto e Fernando Abrucio; Regina Morel; o
biofísico Carlos Morel; Luiz Curi; Isabel Lustosa; José Sérgio Leite
Lopes; Maria Victoria Benevides, da Faculdade de Educação da USP; Pedro
Dallari; Marilena Chaui; Roberto Amaral e Paulo Sérgio Pinheiro.
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