quarta-feira, 30 de maio de 2018

AS DESAVERGONHADAS PENSÕES PAGAS ÀS FILHAS DE MILITARES BRASILEIROS


Do Fórum Sindical dos Trabalhadores do Estado de São Paulo

As Forças Armadas ainda resistem em apresentar dados detalhados sobre um dos benefícios mais polêmicos: as pensões pagas às filhas de militares mortos, muitas delas casadas e em idade produtiva.

O jornal O Globo, depois de mais de ano tentando obter as informações, publicou nesta segunda-feira uma estimativa de gasto superior a R$ 5 bilhões por ano, somente para pagar às 110 mil filhas de militares do Exército, que recebem a pensão pela morte do pai.

É mais do que toda a receita previdenciária das três forças em 2017, mas ainda não é tudo. A Marinha e a Aeronáutica não forneceram informações que permitissem um cálculo total de seus gastos com essas pensões.

O gasto com as filhas pensionistas do Exército seria pouco mais da metade do total das três forças, indicando que a conta global pode se aproximar dos R$ 10 bilhões anuais.

O benefício está extinto desde o fim de 2000, mas a assessoria do Exército informou ao Globo que ele será pago pelo menos até 2060, quando ainda haverá filhas de militares com direito a pensão..

Na Aeronáutica o benefício é pago a mais de 20 mil mulheres, das quais 11.178 são casadas e 8.892 são solteiras. Algumas, 64 no caso da Aeronáutica, acumulam mais de uma pensão, por serem além de filha, viúva de militar.

Segundo a Marinha, há 22.829 pensionistas filhas de militares, das quais 10.780 são casadas e 12.049 solteiras. Do total, 345 recebem mais de uma pensão.

O Exército foi o único que deu informações sobre valores: afirmou ter gasto R$ 407,1 milhões em abril com pensões de 67.625 filhas de militares, o que dá mais de R$ 5 bilhões por ano.

Todas as receitas previdenciárias das três forças ao longo de 2017 — destinadas ao pagamento desse e de outros benefícios — ficaram em R$ 3,342 bilhões. Com isso, o déficit previdenciário das Forças Armadas em 2017 chegou a R$ 37 bilhões naquele ano, com a diferença sendo coberta pelo Tesouro.

“Proporcionalmente, é um rombo maior do que entre os servidores civis federais e muito acima do que o registrado entre os trabalhadores atendidos pelo INSS”.

terça-feira, 29 de maio de 2018

MPF DENUNCIA EX-AGENTES DA DITADURA QUE EXECUTARAM OPOSITORES AO REGIME EM 1970 NA CAPITAL PAULISTA



Do MPF

Procuradoria afasta prescrição e anistia; governo federal sabia de crimes desse tipo, como demonstra relatório que cita ex-presidente Geisel.


O Ministério Público Federal (MPF) denunciou dois ex-agentes da repressão pela morte e a ocultação dos cadáveres de dois opositores do regime militar em maio de 1970. O então tenente-coronel Maurício Lopes Lima e o suboficial Carlos Setembrino da Silveira participaram da operação que culminou na execução sumária de Alceri Maria Gomes da Silva, membro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), e Antônio dos Três Reis de Oliveira, integrante da Aliança Libertadora Nacional (ALN). O crime ocorreu na casa onde os militantes moravam, no Tatuapé, bairro da zona leste de São Paulo.

A Procuradoria destaca que não cabe prescrição ou anistia neste caso, pois as execuções foram cometidas em um contexto de ataque generalizado do Estado brasileiro contra a população civil e, por isso, são considerados crimes contra a humanidade. A coordenação centralizada do sistema semiclandestino de repressão da época é comprovada por diversos testemunhos e papéis, entre eles um relatório de abril de 1974, assinado pelo então diretor da CIA William Colby e revelado recentemente.

O documento, dirigido à Secretaria de Estado dos EUA, descreve uma reunião na qual o presidente Ernesto Geisel autorizava que o Serviço Nacional de Informações (SNI) prosseguisse com as mortes de militantes políticos, desde que o Palácio do Planalto fosse antes consultado. “Portanto, as execuções não eram atos isolados, mas sim uma verdadeira política de Estado, chancelada pela Presidência, que não apenas estava ciente, mas a coordenava e, a partir de 1974, passava a exigir autorização prévia”, escreveu o procurador da República Andrey Borges de Mendonça, autor da denúncia.

Crime Alceri e Antônio já eram procurados pelas forças de repressão havia meses devido às suas atividades de resistência à ditadura. Os agentes chegaram à casa a partir de informações passadas por outro militante que também morava no local e havia sido capturado e barbaramente torturado horas antes. As vítimas estavam escondidas em um alçapão. Violado o refúgio, foram executadas com tiros de metralhadora. Antônio morreu na hora com disparos na cabeça, e Alceri, alvejada nas costas, não chegou com vida ao hospital.

Maurício Lopes Lima foi o comandante da ação. Ele chefiava a equipe de buscas do Destacamento de Operações de Informações do II Exército (DOI) em São Paulo, um dos principais centros de perseguição, tortura e morte na ditadura. Em recentes entrevistas à imprensa, o ex-militar confirmou sua participação no episódio. Investigações apontam que, além de Alceri e Antônio, ao menos 18 pessoas foram vítimas dos atos de violência que Maurício empregava na época para reprimir os grupos de oposição ao regime.

O suboficial Carlos Setembrino da Silveira, que também integrava a equipe de buscas do DOI, foi o responsável por jogar uma granada no alçapão para expulsar os militantes de seu interior e facilitar as execuções. Ele também atuava nos interrogatórios realizados no destacamento e participava de atividades da repressão em outras unidades, entre elas o local que ficou conhecido como Boate Querosene, em Itapevi, onde presos políticos eram torturados até a morte ou convertidos em informantes.

Os restos mortais de Alceri e Antônio jamais foram encontrados. “As vítimas foram enterradas como indigentes, com o intuito de não serem localizados os seus corpos”, destaca a denúncia do MPF. “Evidente que o crime de ocultação de cadáver, do qual os denunciados participaram, visava evitar questionamentos acerca da forma como as vítimas haviam sido mortas – ou seja, executadas, sem qualquer possibilidade de reação”.

Embora nunca tenham assumido oficialmente os óbitos, as Forças Armadas estavam cientes das circunstâncias em que ocorreram as execuções. Relatório do então comandante do DOI, Carlos Alberto Brilhante Ustra, por exemplo, descreve em detalhes como a ação ocorreu e declara expressamente a morte dos militantes. A versão foi depois reproduzida em documentos internos dos Ministérios da Aeronáutica e da Marinha.

Pedidos Além de participação na ocultação de cadáver das vítimas, Maurício e Carlos são acusados de homicídio duplamente qualificado, pois as vítimas foram mortas por motivo torpe (a manutenção do regime ditatorial) e sem possibilidade de defesa, além de participação na ocultação de cadáver das vítimas. O MPF pede que agravantes sejam considerados para a condenação dos denunciados, entre elas o emprego de meios cruéis e o abuso de autoridade. A Procuradoria requer também que os envolvidos tenham suas aposentadorias ou outros proventos cassados, assim como medalhas e condecorações que receberam pela atuação no sistema de repressão.

O número processual da denúncia é 0005946-82.2018.4.03.6181. A tramitação pode ser consultada aqui

Leia a íntegra da denúncia e da cota ajuizadas pelo MPF.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

NOTA SOBRE A POLÍTICA DE PREÇOS DA PETROBRÁS



Da Associação dos Engenheiros da Petrobrás

A AEPET reafirma o que foi expresso no Editorial Política de preços de Temer e Parente é America First!, de dezembro de 2017.A Petrobrás adotou nova política de preços dos combustíveis, desde outubro de 2016.

A partir de então, foram praticados preços mais altos, que viabilizaram a importação por concorrentes.

A estatal perdeu mercado e a ociosidade de suas refinarias chegou a um quarto da capacidade instalada.

A exportação de petróleo cru disparou, enquanto a importação de derivados bateu recordes.

A importação de diesel se multiplicou por 1,8 desde 2015, dos EUA por 3,6.

O diesel importado dos EUA,, que em 2015 respondia por 41% do total, em 2017 superou 80% do total importado pelo Brasil.

Ganharam os produtores norte-americanos, os traders multinacionais, os importadores e distribuidores de capital privado no Brasil.

Perderam os consumidores brasileiros, a Petrobrás, a União e os estados federados com os impactos recessivos e na arrecadação.

Batizamos essa política de America first! , Os Estados Unidos primeiro!

Diante da greve dos caminhoneiros assistimos, lemos e ouvimos, repetidamente na “grande mídia”, a falácia de que a mudança da política de preços da Petrobrás ameaçaria sua capacidade empresarial.

Esclarecemos à sociedade que a mudança na política de preços, com a redução dos preços no mercado interno, tem o potencial de melhorar o desempenho corporativo, ou de ser neutra, caso a redução dos preços nas refinarias seja significativa, na medida em que a Petrobrás pode recuperar o mercado entregue aos concorrentes por meio da atual política de preços.

Além da recuperação do mercado perdido, o tamanho do mercado tende a se expandir, porque a demanda se aquece com preços mais baixos.

A atual direção da Petrobrás divulgou que foram realizados ajustes na política de preços com o objetivo de recuperar mercado, mas até aqui não foram efetivos.

A própria companhia reconhece nos seus balanços trimestrais o prejuízo na geração de caixa decorrente da política adotada.

Outra falácia repetida 24 horas por dia diz respeito a suposta “quebra da Petrobrás” em consequência dos subsídios concedidos entre 2011 e 2014.

A verdade é que a geração de caixa da companhia neste período foi pujante, sempre superior aos US$ 25 bilhões, e compatível com o desempenho empresarial histórico.

Geração operacional de caixa, US$ bilhões: 2011, 33,03; 2012, 27,04; 2013, 26,03; 2014, 26,60; 2015, 25,90; 2016, 26,10 e 2017, 27,11.

A Petrobrás é uma empresa estatal e existe para contribuir com o desenvolvimento do país e para abastecer nosso mercado aos menores custos possíveis.

A maioria da população quer que a Petrobrás atue em favor dos seus legítimos interesses, enquanto especuladores do mercado querem maximizar seus lucros de curto prazo.

Nossa Associação se solidariza com os consumidores brasileiros e afirma que é perfeitamente compatível ter a Petrobrás forte, a serviço do Brasil e preços dos combustíveis mais baixos e condizentes com a capacidade de compra dos brasileiros.

Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)

quinta-feira, 24 de maio de 2018

ASSASSINATOS NO CAMPO BATEM NOVO RECORDE E ATINGEM MAIOR NÚMERO DESDE 2003






A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulga hoje os dados de assassinatos em conflitos no campo no Brasil em 2017 – o maior número desde o ano de 2003. A CPT também denuncia ataques hackers que sofreu no último ano, provavelmente dentro do processo de criminalização contra as organizações sociais que tem se intensificado, e que acabou impossibilitando a conclusão e o lançamento nessa data de seu relatório anual, o “Conflitos no Campo Brasil”.

Mesmo com o atraso em sua publicação, a CPT torna públicos hoje os dados de assassinatos em conflitos no campo ocorridos no ano de 2017. Novamente esse tipo de violência bateu recorde, e atingiu o maior número desde 2003, com 70 assassinatos. Um aumento de 15% em relação ao número de 2016. Dentre essas mortes, destacamos 4 massacres ocorridos nos estados da Bahia, Mato Grosso, Pará e Rondônia. Destacamos, ainda, a suspeita de ter ocorrido mais um massacre, de indígenas isolados, conhecidos como “índios flecheiros”, do Vale do Javari, no Amazonas, entre julho e agosto de 2017. Seriam, pelas denúncias, mais de 10 vítimas. Contudo, já que o Ministério Público Federal no Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), não chegaram a um consenso, e diante das poucas informações a que a CPT teve acesso, por se tratar de povos isolados, o caso não foi inserido na listagem por ora apresentada.

A CPT ressalta, todavia, que, além dos dados de assassinatos que constam nesta relação, há muitos outros que acontecem na imensidão deste país e que só a dor das famílias é que os registram. “A publicação da CPT é apenas uma amostra dos conflitos no Brasil”, dizia Dom Tomás Balduino, bispo emérito de Goiás (GO) e um dos fundadores da Pastoral.
Os assassinatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais sem-terra, de indígenas, quilombolas, posseiros, pescadores, assentados, entre outros, tiveram um crescimento brusco a partir de 2015. O estado do Pará lidera o ranking de 2017 com 21 pessoas assassinadas, sendo 10 no Massacre de Pau D?Arco; seguido pelo estado de Rondônia, com 17, e pela Bahia, com 10 assassinatos.

Dos 70 assassinatos em 2017, 28 ocorreram em massacres, o que corresponde a 40% do total. Em agosto de 2017, a CPT lançou uma página especial na internet (https://cptnacional.org.br/mnc/index.php) sobre os massacres no campo registrados de 1985 a 2017. Foram 46 massacres com 220 vítimas ao longo desses 32 anos. Na página é possível consultar o histórico e imagens dos casos. O estado do Pará também lidera esse ranking, com 26 massacres ao longo desses anos, que vitimaram 125 pessoas.

Assassinatos e Julgamentos

A CPT registra os dados de conflitos no campo de modo sistemático desde 1985. Entre os anos de 1985 e 2017, a CPT registrou 1.438 casos de conflitos no campo em que ocorreram assassinatos, com 1.904 vítimas. Desse total de casos, apenas 113 foram julgados, o que corresponde a 8% dos casos, em que 31 mandantes dos assassinatos e 94 executores foram condenados. Isso mostra como a impunidade ainda é um dos pilares mantenedores da violência no campo.

Nesses 32 anos, a região Norte contabiliza 658 casos com 970 vítimas. O Pará é o estado que lidera na região e no resto do país, com 466 casos e 702 vítimas. Maranhão vem em segundo lugar com 168 vítimas em 157 casos. E o estado de Rondônia em terceiro, com 147 pessoas assassinadas em 102 casos.

Ataques hackers atrapalham conclusão do relatório anual da CPT

A partir do segundo semestre de 2017, a Secretaria Nacional da CPT, situada em Goiânia (GO), sofreu seguidos ataques hackers, orquestrados e direcionados a setores estratégicos,que forçaram a limitação do funcionamento de seus servidores na tentativa de manter a segurança do sistema, o que acabou comprometendo o desempenho das tarefas diárias da Pastoral. O Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, responsável pela catalogação e compilação dos dados de conflitos no campo divulgados pela entidade, foi prejudicado, atrasando o fechamento do relatório anual da CPT, o “Conflitos no Campo
Brasil”, e impossibilitando o seu lançamento na data costumeira, a semana do 17 de abril, Dia Internacional de Luta Camponesa, em memória aos trabalhadores rurais sem-terra assassinados na Curva do S, em Eldorado dos Carajás, Pará, em 1996.

Esses ataques podem, também, fazer parte do processo de criminalização empreendido contra organizações e movimentos sociais de luta. O caso foi denunciado às instâncias policiais competentes e segue sob investigação. De qualquer forma, a CPT julga de extrema importância denunciar, ainda que de forma incompleta, algumas das diversas formas de violência exercidas contra os povos do campo em 2017 e chamar a atenção para os dados alarmantes que agora analisamos. Em breve será divulgado, enfim, o relatório “Conflitos no Campo Brasil 2017”, completo. A CPT aproveita para reafirmar seu compromisso
com as causas do povo pobre do campo, e que não conseguirão nos calar!

MANIFESTO CONTRA O RECRUDECIMENTO DA LEI DE TERRORISMO

Entidades requerem a não-aprovação do regime de urgência do PL nº 9.604/2018

Num contexto de crescimento do Estado de Exceção no Brasil, o deputado Jerônimo Goergen (PP/RS) apresentou requerimento para que o Projeto de Lei nº 9.604/2018, de sua autoria, tramite em regime de urgência na Câmara dos Deputados. O projeto significa uma ofensiva contra os movimentos sociais, ao incluir articulações populares e ocupações de imóveis como atos criminalizados pela lei antiterror.

Desde os primeiros debates sobre a criação do crime de terrorismo no Brasil, a sociedade civil denunciou a celeridade e insuficiência de debate público sobre o tema. Como resultado, a Lei 13.260/16 foi aprovada em apenas oito meses de tramitação. Uma das poucas garantias conquistadas no texto legal foi a não-aplicação da lei aos movimentos sociais, uma vez que a atuação destes é um indicador de qualidade de uma sociedade democrática.

Porém, na tentativa de criminalizar a participação de coletivos organizados na vida política brasileira, imediatamente após a aprovação da Lei, essas garantias tornaram-se alvo de sete projetos que objetivam alterar o texto legal e recolocar os movimentos sociais sob a mira direta da criminalização.
 
Assim, sob o discurso de impedir o “abuso do direito de articulação de movimentos sociais”, “como os que envolvem a ocupação de imóveis urbanos ou rurais, com a finalidade de provocar terror social ou generalizado”, o Congresso Nacional poderá aceleradamente limitar direitos civis e políticos sem debate sobre o tema.

A criminalização do terrorismo, em si, é um problema, pois sua definição é política e não jurídica. Mas, em qualquer acepção que tome, de maneira alguma as ocupações de imóveis ou outras formas de protesto devem ser identificados como atos terroristas. Ocupações e protestos são inerentes à democracia. Criminalizá-los é coerente apenas com regimes autoritários.

O impacto de projetos como esses devem ser compreendidos em um contexto de progressivo aumento da violência no campo, provocada por pistoleiros e, muitas vezes, agentes do Estado. O Relatório de Conflitos no Campo Brasil 2016, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), por exemplo, aponta que somente em 2016 foram registrados 61 assassinatos em conflitos no campo, o que equivale a uma média de cinco assassinatos por mês.

Por esses motivos, as organizações que subscrevem essa carta alertam para o conteúdo autoritário das propostas e solicitam que os parlamentares não autorizem a tramitação do regime de urgência do PL 9.604/18, prevalecendo o debate público e democrático em torno de toda e qualquer proposta que vise a cercear a liberdade de expressão e de participação política.

ASSINAM ESTA CARTA:



1. Ação Educativa
2. ACPO - Santos/SP
3. Aliança de Controle do Tabagismo – ACT
4. Amigos da Terra Brasil
5. Articulação Antinuclear Brasileira
6. Articulação Brasileira de Lésbicas –ABL
7. Articulação de Mulheres Brasileiras – AMB
8. Articulação Justiça e Direitos Humanos
9. Articulação para o Monitoramento dos DH no Brasil
10. Artigo 19
11. Associação Amazônia pelo Transporte Ativo - Apta
12. Associação Brasileira de Antropologia – ABA
13.Associação Brasileira de Ciência Política Regional Centro-Norte – ABCP/Centro-Norte
14.Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis, Transexuais e Intersexos - ABGLT
15.Associação Catarinense de Rádios Comunitárias-ACRACOM
16. Associação das Donas de Casa do Amazonas
17. Associação das Mães e Amigos da Criança e do Adolescente em Risco - A.M.A.R. RJ
18. Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais – AATR
19. Associação de Artesãos Indígenas de Manaus Amazônia Viva – AAIMAV
20. Associação de Mulheres de Armação dos Búzios
21. Associação de Mulheres Unidas da Serra - AMUS
22. Associação de Servidores e Servidoras da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
23. Associação Franciscana de Defesa de Direitos e Formação Popular
24. Associação Movimento Paulo Jackson - Ética, Justiça, Cidadania - Bahia
25. Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares – ABAM
26. Associação Nacional de História – ANPUH-Brasil
27. Associação Nossa Senhora da Conceição
28. Bicuda Ecológica - RJ
29. Campanha Nacional pelo Direito à Educação
30. Casa da Solidariedade -SP
31. Casa Frida - Ponto de Cultura Feminista
32. Centro de Apoio aos Direitos Humanos Valdicio Barbosa dos Santos
33. Centro Burnier Fé e Justiça CBFJ/MT
34. Centro da Mulher 8 de Março – Paraíba
35. Centro de Assessoria Popular Mariana Criola
36. Centro de Educação e Assessoramento Popular-CEAP
37. Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Mônica Paião Trevisan / SP
38. Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra
39. Centro de Direitos Humanos Dom Máximo Biennès/ Cáceres-MT
40. Centro de Defesa de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno
41. Centro de Direitos Humanos Pablo Gonzales Olalla
42. Centro de Direitos Humanos de Sapopemba / SP
43. Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social – CENDHEC
44. Centro Feminista de Estudos e Assessoria - CFEMEA
45. Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos
46. Centro Pela Justiça e o Direito Internacional – CEJIL
47. Centro Popular de Defesa dos Direitos Humanos Frei Tito de Alencar Lima
48. Cine Clube Feminista de São Sebastião
49. Círculo Palmarino
50.Coletivo Advogados para Democracia - COADE
51. Coletivo de Mulheres- Casa Lilás
52.Coletivo Margarida Alves de Assessoria Popular
53. Coletivo Mulher Vida - CMV/Olinda (PE)
54.Coletivo por um Ministério Público Transformador - Transforma MP
55. Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos – CBDDH
56. Comitê Carlos de Ré da Verdade e Justiça do Rio Grande do Sul
57. Comissão Justiça e Paz –SP
58. Comissão Pró-Índio de São Paulo
59. Comunidade Quilombola de Limoeiro – BA
60. Conectas Direitos Humanos
61. Conselho Indigenista Missionário- Cimi
62.Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC
63.Conselho Nacional do Laicato do Brasil - CNLB
64.Consciência pela Cidadania - CONCIDADANIA
65. Coordenação de Comunidades Quilombolas do Litoral Norte da Bahia
66. Coordenação Nacional de Entidades Negras - CONEN
67. Coordenadoria Ecumênica de Serviço - CESE
68. CRESS RJ
69. Criola
70. Diocese Anglicana do Paraná
71. Engajamundo
72. Escola de Governo de São Paulo
73. Espaço Feminista Uri Hi
74. Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional - FASE-RJ
75. FIAN-Brasil
76. Fórum Cearense de Mulheres
77. Fórum de Direitos Humanos e da Terra Mato Grosso
78. Fórum de Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas
79.Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense – FMAP
80. Fórum de Mulheres Negras de Mato Grosso- FMN-MT
81. Fórum de Saúde do Rio de Janeiro
82. Frente Estadual pelo Desencarceramento - RJ
83. Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito
84. Frente Nacional contra Privatização da Saúde.
85. Fundação Grupo Esquel Brasil
86. GAJOP
87. Greenpeace Brasil
88. Grupo de Apoio à Prevenção à Aids da Bahia - GAPA/ BA
89.Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade
e Meio Ambiente da Universidade Federal do Maranhão (GEDMMA/UFMA)
90.Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades – Demodê/IPOL-UnB
91. Grupo de Pesquisa Repensando as Relações entre Sociedade e Estado – Resocie/IPOL UnB
92. Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte, GPEA- UFMT
93. Grupo Tortura Nunca Mais – Bahia
94. IMAFLORA
95. Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social Terra de Direitos
96. Instituto Alana
97. Instituto AMMA Psique e Negritude.
98. Instituto Brasil Central –IBRACE
99. Instituto Brasileiro de Ciências Criminais -IBCCRIM
100. Instituto Dakini Movimento e Igualdade
101. Instituto de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais - Idhesca
102. Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais - Pólis
103. Instituto de Estudos da Religião – ISER
104. Instituto de Pesquisa e Formação Indígena - Iêpe
105.Instituto Humana Raça Fêmina – INHURAFE
106. Instituto Janus
107. Instituto Palmares de Promoção da Igualdade – IP
108. Instituto de Pesquisa Direitos e Movimentos Sociais - IPDMS
109. Instituto Prios de Políticas Públicas e Direitos Humanos.
110. Instituto Pro Bono
111.Instituto Silvia Lane Psicologia e Compromisso Social
112. Justiça Global
113.Juventude comunitária da Federação Matogrossense de Associação Moradores de Bairro
114. Koinonia Presença Ecumênica e Serviço
115. Luta Popular
116. Movimento e Articulação de Mulheres o Estado do Pará – MAMEP
117. Movimento das Mulheres Negras da Floresta -Dandara
118. Movimento de Defesa da Ilha (São Luís-MA)
119. Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST
120. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra- MST
121. Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua - MNMMR
122. Movimento Nacional Contra Corrupção e pela Democracia - MNCCD
123. Movimento Nacional de Direitos Humanos - MNDH
124.Movimento Nacional de Rádios Comunitárias-MNRC
125. Núcleo Lélia Gonzalez
126.Núcleo de Investigações em Justiça Ambiental (NINJA) da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ)
127. Paz e Esperança Brasil
128.Plataforma de Direitos Humanos Dhesca Brasil
129.Programa e Assessoria Jurídica Estudantil - P@je
130. Projeto Saúde e Alegria
131. Projeto BrCidades
132. Promotoras Legais Populares de São Paulo
133. Rede Brasileira de Justiça Ambiental
134. Rede de Cooperação Amazônica - RCA
135. Rede Justiça nos Trilhos
136.Rede Mato-Grossense de Educação Ambiental – REMTEA
137. Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio da Juventude Negra e Periférica – SP
138. Rede Justiça Criminal
139. Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares do Distrito Federal – RENAP/DF
140. Rede Nacional de Colegiados Territoriais –RNCT
141.Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas - RENFA
142. Rede de Panapanã de Mulheres do Noroeste Paulista
143. Serviço de Assessoria Jurídica Universitária – SAJU/ USP
144. Serviço de Paz - SERPAZ
145. Sociedade Comunitária E. S. "Fala NegãoFala Mulher ZLSP
146. Sociedade de Arqueologia Brasileira
147. Sociedade Maranhense de Direitos Humanos – SMDH
148.SOS Corpo Instituto Feminista pela Democracia
149. Terra de Direitos
150. Uma Gota no Oceano
151. Uneafro-Brasil
152. União de Ciclistas do Brasil -UCB
153. União de Mulheres de São Paulo
154. União de Negras e Negros Pela Igualdade- Unegro
155. União de Mulheres de São Paulo
156. União por Moradia Popular do Rio de Janeiro – UMP/ RJ



INDIVIDUAIS:
1. Ana Paula Rech Medeiros
2. Anna Maria Teixeira Nigro Rodrigues
3. Antônia Quitéria da Silva Nascimento
4. Ariovaldo dos Santos
5. Benedito Tadeu César - Cientista político, professor da UFRGS (aposentado)
6. Benjamin Prizendt
7. Cândido Grzybowski - Sociólogo do Ibase
8. Carlos Augusto Picininni, coordenador do Comitê Carlos de Ré da Verdade e Justiça do Rio Grande do Sul
9. Carina Serra
10. Carolina Toledo Diniz
11. Catia Gould
12. Claudius Ceccon
13. Cintia Erica Mariano / Defensora Pública-RJ
14. Erminia Maricato - Professora
15. Daniel Rangel Cabral- Reverendo da Diocese Anglicana do Rio de Janeiro – IEAB
16. Denise Cabral Carlos de Oliveira – Psicanalista/RJ
17. Denise Elisei
18. Douglas Belchior - Professor e militante do movimento negro
19. Fábio Konder Comparato, jurista
20. Fernanda Maria Vieira - professora adjunta da UFJF
21. Gerah Silva
22. Günter Adolf Wolff
23. Iole Iliada, membro do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo.
24. Jaci Souza
25. João Costa Filho
26. João de Oliveira –Cultural Refavela/CONEN
27. João José Reis - Historiador
28. Jurandir Malerba - Professor Titular de História da UFRGS
29. Kenarik Boujikian - Desembargadora do TJSP
30. Lorena Ornelas
31. Luzania Barreto Rodrigues - Professora da Universidade Federal do Vale do São Francisco
32. Marco Antônio Santos/Psicólogo-SP
33. Maria Claudia Oliveira de Paiva - PT/SP
34. Maria Eunice Xavier Kalil
35. Maria Fernanda Ramos Coelho
36. Maria Teresa Castilho Mansor
37. Marilda da Rosa dos Santos
38. Maristela Abadia Guimarães -Doutora em Educação/ IFMT
39. Naudal Alves Gomes - Bispo da Diocese Anglicana do Paraná
40. Paolo Colosso
41. Rafael Soares de Oliveira - Dr. Antropólogo e Ogan do Candomblé
42. Ramiro Bier
43. Raul Ellwanger, coordenador do Comitê Carlos de Ré
da Verdade e Justiça do Rio Grande do Sul
44. Roberto E. Zwetsch - professor
45.Sabrina Diniz Bittencourt Nepomuceno - RENAP/SP
46. Simião Maranhão
47. Tania Jamardo Faillace - jornalista e escritora de Porto Alegre, RS
48. Thais Oliveira Bezerra de Sousa
49. Tiago Pinheiro dos Santos de Souza



*ABERTA A ADESÕES 

sexta-feira, 11 de maio de 2018

LULA E O TRUQUE DO DIABO



“A primeira coisa a fazer: matar todos os advogados”
– Dick the Butcher, personagem de Shakespeare em Henrique 6º.


Lula tinha três opções quando sua prisão foi decretada. Entregar-se, resistir, exilar-se. Sabe-se que seu entorno se dividiu entre elas. O núcleo jurídico defendia a primeira. O núcleo político uma das outras duas. A primeira, ao fim e ao cabo, era a opção pela institucionalidade, pela defesa meramente judicial.

As duas últimas escolhas significariam atos políticos de enfrentamento do golpe. Eram as corretas. Mais do que dizer golpe, era necessário agir como se age diante de um golpe, o que significa, antes de mais nada, não entregar seu corpo aos golpistas. Lula é mantido isolado e não pode haver dúvida razoável neste momento de que seus carcereiros estão empenhados em sua destruição psíquica e em mantê-lo preso pelo resto de seus dias.

A escolha, assim, foi jurídica. Havia a expectativa de julgamento, na semana seguinte, da Ação Direta de Constitucionalidade que poderia declarar que a prisão sem trânsito em julgado violava a presunção de inocência estabelecida pela Constituição. Isto teve forte peso na decisão de Lula de submeter-se passivamente ao decreto de prisão de Moro.

Apostar temerariamente no voto da melíflua, sibilina e sinuosa Rosa Weber era um erro. Imaginar que a presidenta do STF, comprometida com o golpe até o pescoço, permitisse fosse deliberada a ADC, outro erro. Ambos consequência da mãe de todos os erros: supor que um golpe se derrota com um recurso ao Judiciário.

Na lógica inexorável do golpe jamais aquele julgamento aconteceria naquele momento. O golpe havia, afinal, chegado à sua consumação triunfante: depois de derrubar a presidenta constitucional, encarcerar aquele que seria, segundo todos os prognósticos razoáveis, o próximo presidente da República.

Um golpe e um regime de novo tipo. Desde, digamos, Napoleão III até as ditaduras militares da América Latina entendemos golpe como uma ruptura rápida que elimina do cenário político os adversários e rompe com a estrutura jurídica e política anterior.

Os golpes de novo tipo fazem tudo diferente. São difusos. Não há um agente facilmente identificável que deflagra o processo. O Judiciário pode protagonizar o golpe, como em Honduras e no Brasil. São preservadas as instituições políticas e jurídicas típicas do Estado de Direito. Age-se no seio delas aparentando, insidiosamente, respeitar a legalidade que estão violando. A vigência e o texto da Constituição não se alteram, mas sua matéria é esvaziada por meio de interpretações anômalas, bizarras, e assim instaura-se um estado de anomia constitucional em que tudo é permitido porque desconsidera-se até mesmo o quadro lógico mínimo estabelecido pela linguagem normativa.

O objetivo do golpe, derrubar a presidenta, aniquilar um partido político e sua maior liderança política para que não voltasse ao poder, foi avançando passo a passo nessa anomia constitucional. Moro violou a proteção constitucional do sigilo das comunicações entregando a uma rede de televisão a conversa de dois presidentes da República, sob o olhar complacente e omisso do STF.

O impeachment, que em toda nossa tradição jurídica e constitucional exigia um crime de responsabilidade, foi transformado em uma espécie de voto de desconfiança que só existe no parlamentarismo, igualmente sob o olhar complacente e omisso do STF. A própria Corte, por fim, autorizou a prisão de Lula negando-lhe o habeas corpus mediante uma interpretação esdrúxula da presunção de inocência, mas de acordo com o “princípio da colegialidade” que, claro, como todo o mundo civilizado sabe, se sobrepõe ao princípio da liberdade.

Esse quadro mostra simplesmente a categoria ditadura, embora sob nova forma. Concentração do poder e ausência de limites constitucionais.

Contribuições teóricas recentes e oportunas, ainda que sob nomenclaturas diferentes ou com nuances de abordagem, identificam esse fenômeno em que a aparência de Estado de Direito é preservada para encobrir e legitimar a concentração de poder e a ineficácia de regras constitucionais que o limitem. Rubens Casara, em seu Estado pós-democrático (2017), observa que “a figura do Estado democrático de Direito, que se caracterizava pela existência de limites rígidos ao exercício do poder (e o principal desse poder era constituído pelos direitos e garantias fundamentais), não dá mais conta de explicar e nomear o Estado que se apresenta”.

A perspectiva de Pedro Estevam Serrano também vê o estado de exceção, embora não o identifique como permanente. Mas acrescenta um ingrediente largamente utilizado no atual processo político e social brasileiro e, a rigor, clássico do fascismo: a construção do inimigo interno. De fato, o reacionarismo, ou por vezes o filofascismo da classe média acolheu amplamente em seu imaginário a criminalização e a desumanização da esquerda.

Essa ditadura de novo tipo é a forma política do neoliberalismo. A captura integral do Estado pelo mercado. A categoria do político tem que ser diluída para ampliar e acelerar a acumulação. Nesse contexto, diluir o político significa expulsar do cenário político e social os que defendem direitos e as políticas de bem-estar social que podem retirar da miséria milhões de brasileiros.

Lula decidiu se entregar e ao fazê-lo agiu como se tudo não passasse de uma contingência a ser resolvida juridicamente pelos bons juízes que ainda há em Berlim. Escreveu uma carta no 1º. de maio afirmando que vivemos em uma democracia incompleta. O que estamos vivendo desde 2016 não é uma democracia incompleta. É uma ditadura completa. Como disse Baudelaire, o truque mais esperto do diabo é convencer-nos de que ele não existe.

O que vai tirar Lula da cadeia é a luta de classes, a verdade e a razão que só estão nela e em lugar nenhum mais. E a arena da luta de classes não é o parlamento, a sala do pleno do STF ou o gabinete do Moro. É a rua.


Marcio Sotelo Felippe é pós-graduado em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo. Procurador do Estado, exerceu o cargo de Procurador-Geral do Estado de 1995 a 2000. Membro da Comissão da Verdade da OAB Federal.



"Este artigo reflete as opiniões do autor e não do veículo. O COADE não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações, conceitos ou opiniões do (a) autor (a) ou por eventuais prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso da informações contidas no artigo."

quarta-feira, 2 de maio de 2018

CONTRA A INTOLERÂNCIA DOS RICOS, A INTRANSIGÊNCIA DOS POBRES


A tragédia ocorrida na ocupação do Largo Paissandu, em São Paulo, na madrugada do dia 1° de maio é mais um retrato do descaso do poder público com o direito à moradia, um dos direitos fundamentais à dignidade da pessoa humana, vilipendiado há séculos pelo Estado brasileiro.

Como ativista dos Direitos Humanos me solidarizo com as famílias que residiam no local e repudio as manifestações covardes e fascistas realizadas pelos verdadeiros responsáveis por mais essa tragédia na vida dos excluídos e invisíveis para a sociedade.

Me refiro ao atual prefeito, Bruno Covas e sua equipe, bem como ao pré-candidato ao governo do Estado, João Agripino Doria Júnior e ao presidente Michel Temer. Com total desrespeito diante do drama, do trauma e da tristeza das vítimas do incêndio, esses senhores se manifestaram no sentido de criminalizar movimentos sociais de luta por moradia que são formados por trabalhadoras e trabalhadores de baixa renda que não possuem outra opção senão residirem em ocupações. Ninguém mora em ocupação porque quer mas por necessidade. Para além disso, todos se isentaram de responsabilidades e ainda aproveitaram, sordidamente, para tirar proveito da situação no sentido de tentar angariar votos para a eleição que, aparentemente, se avizinha.

O Estado desumano que está alicerçado no lucro de poucos e, especificamente nesse caso, unido aos interesses da especulação imobiliária são os primeiros a inviabilizarem o acesso à habitação pela população de baixa renda impondo custos impraticáveis e promovendo a gentrificação na região central da cidade.

Não é a primeira e nem será, infelizmente, a última tragédia que ocorre dessa forma com moradias populares. Os velhos conhecidos incêndios "provocados pelos próprios moradores" e vendidos hipocritamente pelo Partido da Imprensa Golpista, braço midiático da ideologia capitalista ocorrem há muito tempo, quando já se comprovou que em diversos casos ocorreram incêndios criminosos para que naqueles espaços, ocupados por pobres, se transformassem em mais  empreendimentos imobiliários feitos para classes privilegiadas.

Trata-se de mais uma grave agressão à Constituição Federal praticada pelo status quo que aceita a existência de latifúndios nas cidades e ignora a função social da propriedade.
Os governantes, em todos os níveis, devem ser responsabilizados por negarem dignidade a essa população desassistida. 

No país onde a desigualdade só cresce e tem, além de irresponsáveis no executivo e no legislativo, a imoralidade do auxílio moradia dado ao poder judiciário cabe a afirmação de uma das mentes mais importantes da História deste país, do saudoso sociólogo Florestan Fernandes: 

“Contra a intolerância dos ricos, a intransigência dos pobres. Não se deixe cooptar. Não se deixe esmagar. Lutar sempre”.

Todo apoio ao Movimento Nacional de Luta pela Moradia!

Fim ao fascismo!




Rodrigo Sérvulo da Cunha é advogado, educador e cientista social.

"Este artigo reflete as opiniões do autor e não do veículo. O COADE não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações, conceitos ou opiniões do (a) autor (a) ou por eventuais prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso da informações contidas no artigo."

terça-feira, 1 de maio de 2018

DIA DO TRABALHADOR


Funeral de um lavrador - Chico Buarque

Esta cova em que estás com palmos medida

É a conta menor que tiraste em vida
É a conta menor que tiraste em vida

É de bom tamanho nem largo nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio
É a parte que te cabe deste latifúndio

Não é cova grande, é cova medida

É a terra que querias ver dividida
É a terra que querias ver dividida

É uma cova grande pra teu pouco defunto
Mas estarás mais ancho que estavas no mundo
estarás mais ancho que estavas no mundo

É uma cova grande pra teu defunto parco
Porém mais que no mundo te sentirás largo
Porém mais que no mundo te sentirás largo

É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas a terra dada, não se abre a boca
É a conta menor que tiraste em vida
É a parte que te cabe deste latifúndio
É a terra que querias ver dividida
Estarás mais ancho que estavas no mundo
Mas a terra dada, não se abre a boca.