Nunca haverá um power point denunciando FHC e a
compra de votos para a sua reeleição.
Fernando Henrique Cardoso se perpetuou no
poder graças a um dos mais escandalosos delitos da história
política do país: a compra de votos para a emenda da reeleição.
Todo o aparato repressivo do Estado sabe. Existem gravações e
recentemente a delação premiada do ex-deputado Pedro Correa fez
emergir o assunto.
Foram gravados confessando a venda de votos os
ex-deputados Ronivon Santiago, Osmir Lima, Chicão Brígido e Zilla
Bezerra. Os “operadores”, como são designados no mundo da
política brasileira aqueles que fazem o trabalho sujo de aliciar e
fazer com que o dinheiro chegue aos bolsos dos corrompidos, seriam
Sérgio Motta, Luiz Eduardo Magalhães, Pauderney Avelino, Amazonino
Mendes, Orleir Camelli.
Do outro lado estava, sempre segundo Pedro Correa,
Olavo Setúbal. Patriarca do Itaú, um dos maiores e mais respeitados
banqueiros do país e personalidade da República, chafurdava na lama
“operando” para comprar votos contra a reeleição, visando
beneficiar Paulo Maluf, aquele tantas vezes sufragado pela classe
média branca que vai à avenida Paulista expor sua indigência
política e moral. Setúbal, segundo o Correa, passava bilhetinhos
encaminhando parlamentares a doleiros.
Nunca vimos nem veremos um power point
reproduzindo esse esquema sórdido, com cobertura em tempo real da
mídia, à semelhança do que foi apresentado ao melhor estilo
Goebbels por procuradores da República contra Lula. Nunca
mostrarão à sociedade um círculo com o nome Fernando Henrique
Cardoso e 14 círculos ao redor com frases do tipo “perpetuação
criminosa no poder” ou “Sérgio Mota”. A razão,
sinteticamente: porque uma coisa é ser da Casa Grande, outra é ser
da Senzala.
O espetáculo deplorável de quarta-feira 14, com
a apresentação de uma enxurrada de acusações contra um
ex-presidente da República sem “provas cabais” não deve ser
visto meramente como parte de um singelo jogo político com vistas às
eleições de 2018. Ele é em parte isto. Mas é sobretudo um retrato
escancarado do Brasil, o país da Casa Grande e da Senzala e
de um modo muito peculiar da dominação de classe.
Que peculiaridade é esta? Ela está contida em
uma frase profética de Joaquim Nabuco, escrita durante a campanha
abolicionista: a escravidão contaminou de tal forma a sociedade
brasileira que a moldaria ainda por muito tempo. De fato, abolida a
escravidão, a elite e os que aspiram a ser elite (como os
branquinhos da Paulista) sempre se viram acima e à parte da massa de
negros, pobres, dos serviçais que limpam suas privadas e dormem nos
cubículos das áreas de serviço, uma das contribuições da
arquitetura brasileira ao mundo.
Por isso Fernando Henrique Cardoso, sob cuja
presidência foram cometidos crimes dos quais há provas cabais, é o
príncipe dessa elite filofascista. Mas o pau de arara que escapou
dessa lógica de dominação precisa ser aniquilado, mesmo que com
sua ação jamais tenha, de fato, posto em real risco a estrutura de
dominação.
A dominação de classe não se perfaz por uma
estrita racionalidade instrumental. Precisa da dominação
ideológica, precisa capturar e manipular a consciência da massa
para legitimar a violência do Estado e ao mesmo tempo aprofundar a
dominação. A racionalidade instrumental precisa, pois, do
irracional para ser eficaz.
O método fascista clássico é o de construir no
imaginário social entes, grupos, segmentos que são apresentados
como uma espécie de degeneração do humano, capazes de todo mal e
na iminência de perverter definitivamente a sociedade.
O processo que estamos vivendo agora consiste na
nossa jabuticaba fascista: a moralmente deformada, elitista e
preconceituosa elite brasileira profetizada por Nabuco e o clássico
método fascista de dominação mesclados.
Não faço a menor ideia de qual é o patrimônio
de Lula. A favor dele milita a presunção de inocência e a
dignidade que a Constituição assegura a todo brasileiro. De tudo,
resta uma certeza: o retrato do Brasil não é o apartamento do
Guarujá. O retrato do Brasil é a guerra sórdida de propinas
denunciada por Pedro Correa entre Olavo Setúbal, o maior banqueiro
do Brasil, e a dupla FHC-Serjão, nos porões do Congresso. Porque a
Casa Grande pode tudo.
*Marcio Sotelo Felippe é pós-graduado em
Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo.
Procurador do Estado, exerceu o cargo de Procurador-Geral do Estado
de 1995 a 2000. Membro da Comissão da Verdade da OAB Federal.
PRECISAMOS REZAR MUITO PARA DEUS! Os franciscanos da ORDEM DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS; fazem muito mais de graça do que a maioria dos políticos do mundo;são um modelo de respeito aos mais humildes. É preciso mudar muito. ESPIRITUALMENTE E MATERIALMENTE! Nossos políticos,salvo exceções,não gostam de educar o povo,de cuidar dele. E temos intervenções estrangeiras(ex:Portugal,Inglaterra e EUA,como metrópoles do Brasil,sempre olharam o que é feito aqui...).
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