Fidel Alejandro Castro Ruz, histórico líder da Revolução Cubana, morreu neste sábado, 26 de novembro, em Havana (Cuba) aos 90 anos de idade. O anúncio do falecimento foi feito por Raúl Castro, seu irmão e presidente do país.
Uma das pessoas mais influentes e controversas do século XX, agregava carisma e fomentava a construção da identidade coletiva de Cuba, desde a vitória da Revolução em 1959 que retirou do poder o ditador Fulgêncio Batista, que sob a batuta do governo norte-americano, mantinha a ilha como um "puxadinho" dos Estados Unidos.
Uma das pessoas mais influentes e controversas do século XX, agregava carisma e fomentava a construção da identidade coletiva de Cuba, desde a vitória da Revolução em 1959 que retirou do poder o ditador Fulgêncio Batista, que sob a batuta do governo norte-americano, mantinha a ilha como um "puxadinho" dos Estados Unidos.
Fidel nasceu em 13 de agosto de 1926 em Birán. De família bem estabelecida financeiramente, estudou Direito na Universidade de Havana. Aos 26 anos resolveu se aventurar na disputa por uma vaga no parlamento como deputado, quando o ditador Batista suspendeu as eleições.
Inconformado com a situação indigna imposta a seu país, liderou a fracassada insurgência ao quartel Moncada em 1953, o que lhe rendeu uma condenação a treze anos de prisão junto a seu irmão Raúl. Quando foi julgado, Fidel afirmou a célebre frase "A História me absolverá". Nesse contexto, os irmãos Castro foram exilados no México onde conheceram o médico argentino Ernesto Guevara de La Serna (o "Che").
Desse encontro surge a certeza da necessidade de construção da Revolução iniciada com o desembarque do barco Granma em Cuba no dia 25 de novembro de 1956.
Após duros combates contra o governo ilegítimo e ditador, Fidel e seu exército revolucionário, conhecido como Movimento 26 de Julho, chegaram vitoriosos em Havana em 1º de janeiro de 1959.
Fidel esteve à frente do governo socialista que construiu por 47 anos ininterruptos. Por problemas de saúde, foi obrigado a deixar a presidência do país em 2006 provisoriamente, e oficialmente em 2008. Seu irmão Raúl Castro, o substituiu.
Inicialmente, após tomar o poder, teve o apoio da União Soviética ainda no período da Guerra Fria. Em 1960 os Estados Unidos instituíram o embargo a Cuba depois da nacionalização de várias empresas. Com a queda do muro e o avanço do sistema capitalista pelo mundo que tenta asfixiar o modelo cubano de governo, Fidel se deparou com dificuldades cada vez maiores para a manutenção da ideologia socialista na ilha.
Apesar dessa realidade, Cuba se transformou em uma potência no esporte, na saúde, na educação, na nutrição provando para o mundo que é possível a prática de outro modelo que não seja o capitalismo onde a exploração do trabalho humano e a desigualdade se apresentam como os seus mais fortes alicerces.
Daí a razão de inúmeras tentativas de assassinar Fidel, de ataques constantes contra sua reputação, sua vida pessoal, seu governo, seu ideal, sua Revolução. O mundo assiste há décadas a esse massacre que jamais abalou o governo socialista, o povo cubano e seus maiores referenciais, dentre eles o comandante.
Castro está no seleto grupo de líderes mundiais que buscaram a necessidade de manutenção do sonho, que no caso de Cuba se tornou realidade, de humanidade na sua inexorável condição. Nunca se deu por vencido fazendo da rebeldia às desumanidades seu maior combustível.
O mundo não verá Fidel e os fatos ao redor da sua existência traduzidos em livros da história oficial. Isso só poderá ser encontrado nas obras daqueles que pretendem, objetivamente, entender como é possível um país tão pequeno se unir em torno da luta pela liberdade de seu povo e de sua terra através da efetiva tomada do poder por uma Revolução construída por cubanos e cubanas.
Diante de tão complexa e potente história de vida, a morte de Fidel chega para que seja mais uma referência pedagógica de como é possível resistir, lutar e conquistar emancipação. Ela nos aponta para a negação da aceitação do que está dado pelo sistema globalizado e que devemos, teimosamente, nunca desistir da luta contra a barbárie e pela real condição de todos nós.
Não há como dizer adeus à luta pela dignidade da pessoa humana. Nela sempre caberá a Histórica frase:
HASTA LA VICTÓRIA, SIEMPRE!
Rodrigo Sérvulo da Cunha é advogado e cientista social.
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