segunda-feira, 4 de abril de 2016

OAB/SP FECHA AS PORTAS NO DIA DA MANIFESTAÇÃO NA PRAÇA DA SÉ

Advogados(as) protestaram em frente à sede da OAB/SP

Na última quinta-feira (31/03), dia da manifestação pró-democracia e contra o golpe, agendada para o final de tarde na Praça da Sé, a OAB/SP, determinou o fechamento de seus prédios nas imediações de onde ocorreria o evento. 

A determinação a seus funcionários veio no início da tarde, através de um comunicado assinado pelo diretor vice-presidente Caio Augusto Silva dos Santos:

“Prezados Colaboradores.

1)                 Com o intuito de evitar eventuais dificuldades na saída dos colaboradores da Secional, em razão do movimento que ocorrerá nesta data, na Praça da Sé, a partir das 17 horas, informamos que anteciparemos o término do expediente e fechamento dos Prédios Institucional (Maria Paula), Atendimento (Sé), Administrativo (Anchieta), Casa da Advocacia – João Mendes, às 16 horas.”

Os eventos agendados na sede naquela noite foram cancelados ou transferidos para outro local, também em cima da hora, a exemplo da cerimônia de posse da Diretoria do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo, que aconteceria a partir das 18 horas e foi transferido para a Federação Paulista de Futebol. Os convidados receberam a notícia da alteração poucas horas antes do início do evento.

A Praça da Sé sempre foi palco de grandes encontros da sociedade para shows, manifestações, comícios, passeatas, etc. sendo que nunca dantes houve esta preocupação com a locomoção de colaboradores da OAB.

Pelo contrário! Em manifestações anteriores de apoio ao golpe a mesma Ordem permaneceu aberta com advogados de plantão à disposição dos manifestantes tendo ampla divulgação sobre tal ação.

Claro está que a preocupação era outra: medo dos protestos de advogados e advogadas que são contra a posição golpista do Conselho Federal e da maioria das Secionais incluindo a de São Paulo em apoiar o impeachment da presidente Dilma democraticamente eleita. Será medo da democracia?

De fato, a OAB, ao apoiar o processo de impedimento, sem que haja comprovadamente crime de responsabilidade, lamentavelmente, despreza os valores fundamentais do Estado Democrático de Direito, como ocorreu em 1964, quando a mesma entidade também apoiou a ditadura militar até a edição do AI-5, em 13 de dezembro de 1968.

É com tristeza que vemos o nome da instituição que nos representa (ou  deveria), deixar de defender a democracia para ser lembrada entre aqueles que se aliaram às forças conservadoras e autoritárias, a mídia reacionária e golpista, aos interesses escusos dos que fazem coro ao impeachment, se colocando contra a vontade de mais de 54 milhões de brasileiros.

Ademais, diferentemente do que alardeia, OAB primeiro deu o golpe: Em decisão de 2015, o Conselho Federal decidiu por não apoiar o processo de impeachment por inexistir indício de crime e, sem nenhum fato novo, com a simples mudança de diretoria alterou radicalmente o seu posicionamento se abraçando junto aos golpistas.

Já a OAB/SP tenta explicar seu apoio afirmando que a deliberação conjunta do Colégio de Presidentes de Seccionais e do Pleno do Conselho Federal “resultou de amplo, geral e irrestrito debate em suas bases”, fato que não ocorreu.

A OAB, formada por nós, advogado e advogadas, que por expressa disposição constitucional somos indispensáveis à administração da justiça, não podemos somar forças a quem fere a justiça e pode, em última análise, ferir de morte nossa tão jovem democracia.

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